terça-feira, 9 de outubro de 2012

"Bancada da bala" mira mudanças na Guarda Civil em São Paulo

A Câmara dos Vereadores de São Paulo terá a partir do próximo ano dois ex-policiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) entre os seus 55 vereadores. O ex-tenente-coronel Paulo Adriano Lopes Lucinda Telhada (PSDB), 50 anos, e o capitão aposentado Roberval Conte Lopes (PTB), 65 anos, estarão entre os representantes dos paulistanos. Polêmicos por suas declarações, ambos são amigos - ainda da época da PM - e têm discurso político parecido, de "trabalhar pela melhora das condições da Guarda Civil Metropolitana".
Telhada, que foi chefe da Rota até o ano passado, quando saiu a sua aposentadoria compulsória, fez fama com declarações fortes contra os criminosos. Da linha "bandido bom é bandido morto", respondeu por mais de 30 mortes nos seus pouco mais de 30 anos de polícia. De acordo com ele, em apenas um ano, foram 13.
"Fama todo mundo tem. Principalmente quando se trabalha dentro da lei e se é enérgico. Professor que cobra do aluno é tido como chato. Como policial, tive um comando transparente", afirmou.
Entre seus planos para o mandato que se inicia no ano que vem, a Guarda Civil Metropolitana aparece no alto do que ele diz ser sua lista de prioridades. "O que eu quero trabalhar muito é com a guarda. Ela está apagada, fora das funções. Há 6,3 mil policiais e você não vê ninguém na rua. Eles precisam de plano de carreira, salário, novos concursos. Queremos que eles estejam no apoio à segurança em São Paulo", diz.
Telhada diz que quer empregar rapidamente o seu "estilo" na Câmara. "Comigo não tem esse negócio de partido, de bancada. Eu vou atuar pró-comunidade", diz ele. Segundo Telhada, a guarda tem de trabalhar dentro das suas atribuições, na vigilância de bens públicos, por exemplo. "Mas ela pode auxiliar o trabalho da Polícia Militar", afirma.
Antes de assumir, porém, ele terá de superar um pedido de impugnação do seu registro de candidatura feito pelo Ministério Público Eleitoral (MPE-SP). Isso porque o candidato teria publicado mensagens que incitam a violência em sua conta na rede social Facebook. Em julho, o coronel sofreu críticas por incitar a violência em seu perfil ao utilizar termos como "vagabundos" e "safados" para se referir a ladrões e criticar organizações de direitos humanos que tratam da violência policial. Após uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo sobre o tema, o repórter André Caramante teve de mudar a sua rotina depois de sofrer ameaças de morte, que estão sob investigação pelas autoridades paulistas.
"Isso não me preocupa. Estou em paz, não fui eu que fiz. Há pelo menos sete perfis com o meu nome nas redes sociais, de simpatizantes meus. No meu, você pode lá procurar. Tenho cerca de 60 mil seguidores e não há nenhum tipo de ameaça lá", defende-se.
Conte Lopes

Deputado estadual seis legislaturas consecutivas, Conte Lopes não se elegeu em 2010 e agora foi convidado pelo PTB a disputar uma vaga de vereador. Eleito com quase 32 mil votos, ele afirma que também quer trabalhar pela valorização da Guarda Municipal.

"Há 8 anos não se abre um concurso para melhorar os quadros. São Paulo vive um momento de muita insegurança e a guarda tem um papel importante a cumprir, dentro das suas atribuições", diz. Conte Lopes é autor do livro "Matar ou Morrer", que originou o filme "Rota Comando" e fez "fama" nos anos 80 em ações policiais com alto índice de letalidade.




Fonte:http://noticias.terra.com.br