sábado, 1 de dezembro de 2012

Inteligência da polícia luta contra o relógio para salvar PMs da morte


Um grupo de policiais trabalha contra o relógio. São os homens da inteligência policial. Eles têm 23 dias para.
Um grupo de policiais trabalha contra o relógio. São os homens da inteligência policial. Eles têm 23 dias para prender um bando de assaltantes do Primeiro do Comando da Capital (PCC) de qualquer jeito. Essa é a única forma de impedir que mais dois policiais militares sejam assassinados na Grande São Paulo. A morte desses policiais foi decidida pela cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC), que deu a ordem há uma semana.
"É pra matar dois (PMs) do 15.º Batalhão". A guerra não declarada entre PCC e policiais militares criou essa situação dramática, a dos policiais que acompanham em tempo real as interceptações telefônicas dos diálogos de integrantes do crime organizado. "Começa a cair as conversas deles (dos bandidos) preparando o ataque. Você não tem ideia da aflição que é ouvir eles se preparando para matar um PM. E o tamanho do esforço que a gente faz para impedir", disse um delegado de um dos setores de inteligência da polícia.
A primeira coisa que esses homens tentam fazer é identificar e avisar o policial marcado para morrer. É esse drama que está em andamento em São Paulo. Na segunda-feira, uma mensagem vinda de Presidente Venceslau - cidade onde está presa a cúpula da facção - foi interceptada pela inteligência policial. O delegado-geral, Luiz Maurício Blazek, informou ao secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, que o plano era matar dois PMs de um batalhão da Grande São Paulo. A ação seria uma vingança da facção por causa da morte de dois de seus integrantes em uma das mais violentas perseguições do ano.
Trata-se do assalto a uma agência do Banco do Brasil na zona norte de São Paulo. O crime ocorreu em outubro. O bando com cerca de dez bandidos disparou tiros de fuzil em direção a um carro da PM, acertando 15 deles em uma viatura do 9.º Batalhão. Seguido por outras viaturas do 9.º e do 15.º Batalhões, parte do grupo foi interceptada por PMs – eles atiraram em um ônibus na tentativa de provocar ferimentos em passageiros, criar confusão e garantir a fuga.
Dois deles foram mortos e três fuzis, apreendidos. Eles tinham mais de 400 cartuchos, coletes à prova de bala e uma dúzia de carregadores. Grella e Blazeck repassaram a informação ao comandante-geral da PM, coronel Benedito Roberto Meira, que teve de tomar uma decisão difícil: avisar a tropa ameaçada pelo PCC. Enquanto isso, continua correndo o prazo de 30 dias – sete já se foram – para que os PMs sejam mortos. E o desafio dos homens da inteligência fica a cada instante mais agudo.
Fonte: http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/intelig%C3%AAncia-da-pol%C3%ADcia-luta-contra-o-rel%C3%B3gio-para-salvar-pms-da-morte

ACUADOS PELO TRÁFICO, POLICIAIS DA UPP DO COMPLEXO DO ALEMÃO CLAMAM POR AJUDA


Após três tiroteios nesta semana, PMs afirmam que o tráfico voltou a dominar região pacifica
O mapa dos complexos do Alemão e da Penha tem de volta a zona do medo. Dois anos após a Força de Pacificação retomar o controle sobre os territórios dominados pelo tráfico de drogas, os PMs das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) da região pedem socorro.
Acuados pelos traficantes, que pouco a pouco voltaram a desfilar nas comunidades com suas armas de longo alcance, os agentes saem às ruas para trabalhar à espera de novos confrontos. Só nesta semana, foram três tiroteios, dois na Vila Cruzeiro e um no Parque Proletário, na Penha.
Com o medo incorporado à rotina, os militares se valeram de método usado pelos moradores para pedir socorro e escapar dos olhos dos traficantes: jogaram uma carta dentro do carro da equipe do DIA que percorria o complexo.
No bilhete, asseguram que as leis do tráfico estão de novo em vigor na Vila Cruzeiro e no Parque Proletário.
“O tráfico continua o mesmo, não nos deixam trabalhar. Não podemos abordar moto-taxistas”, garantem PMs, que, no final do documento, imploram: “Por favor, nos ajudem”. Também alegam que há quatro meses não recebem a gratificação de R$ 750.
O medo se justifica com as informações do plano de ataque traçado pelos criminosos após o roubo de grande quantidade de gasolina em um posto da região — que poderia ser usada no preparo de coquetéis molotov. 
“Suspeitos passam diariamente por nós e nos vigiam nas ruas”, garante um policial da UPP Alemão.
Depois dos dias de esperança, os moradores agora se trancam em casa ao cair da noite. Eles confirmam que os criminosos voltaram a circular armados em ruas e becos, e os antes esporádicos tiroteios agora cortam o silêncio quase todas as noites.
“Eles (traficantes) ostentam fuzis em algumas áreas e não se desesperam mais com a aproximação dos policiais”, contou comerciante da Vila Cruzeiro. O pavor é traduzido com ruas desertas e comércio fechado à noite.
‘O SOLDADO QUE FICA’ 
Cria da Cidade de Deus, que recebeu UPP em fevereiro de 2009, o rapper MV Bill lançou ontem a música ‘O soldado que fica’. A canção cita a vida dos ‘pequenos’ traficantes que continuam nas favelas após serem ‘abandonados’ pelos chefões do pó no momento da pacificação.
“Jurei lealdade a minha quadrilha, valorizei o crime...Decidi errado, me decepcionei, entrei nessa de embalo sem saber”, diz um trecho da letra.
Narrando na visão de um bandido a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), o cantor indica que não há como impedir a ocupação policial. Ele ainda destaca na letra a fuga dos chefes da quadrilha.
“Daqui de cima dá pra ver a movimentação para instalação de uma nova UPP. Unidade de Policiamento Pacificador, sem arrego, acabou o amor. O parceiro abandonou, só os pica que ficou (sic). O patrão foi na neblina, pra sair de fuga, me escalaram pra ficar plantado aqui de madruga. Alvo fácil, vulnerável, se o Bope decidir entrar, é implacável”, canta.
MV Bill ainda destaca a perda da força do tráfico na favela. “A própria comunidade não fecha mais comigo. Pra eles a solução é matar, vão me tirar de cena”.
NOVO CHEFE 
O homem por trás dos tiroteios na Vila Cruzeiro seria conhecido como Piná. O bandido foi o encarregado por Fabiano Atanásio da Silva, o FB, de manter as bocas de fumo funcionando após a sua prisão, em janeiro.
E uma das novidades na sua ‘administração’ é o retorno do baile funk no Campo da Ordem, onde o jogador Adriano deu seus primeiros chutes. 
Além do Grotão, os policiais das UPPs locais têm cinco localidades na zona do medo: Pedra do Sapo, Rua Joaquim Queiroz, Parque Proletário, Merindiba e Fazendinha — onde foram apreendidos ontem explosivos, revólveres e drogas. 
Em outra ação, mais de 100 sacos de cocaína foram achados na Nova Brasília. Ninguém foi preso.
A Coordenadoria de Polícia Pacificadora não respondeu sobre os policiais estarem acuados pelo tráfico. Disse apenas que não orienta PMs a não abordarem moto-taxistas. 
Em relação à gratificação atrasada, diz que, como as UPPs foram inauguradas em agosto, o pagamento dos PMs está no prazo de quatro meses firmado.
*Reportagem de Diogo Dias, Felipe Freire e João Antonio Barros