Ato público alertou para as condições de trabalho precárias dos servidores da segurança pública e relembrou confronto entre policiais civis e militares que há quatro anos terminou com cerca de 30 feridos
Vanessa Ramos - CUT/SP*
“Socorro, São Paulo não aguenta mais violência: servidores da segurança pública pedem ajuda para recuperar a paz no Estado”. Essa era uma das faixas afixadas na Praça da Sé, no centro de São Paulo, na última terça-feira (16), durante o Ato Ecumênico Pela Paz e Pela Vida de Trabalhadores e de Policiais. Os manifestantes criticaram a ineficiência do governo do tucano Geraldo Alckmin na solução de uma política adequada quanto ao problema da insegurança pública e exigiram melhores condições de trabalho.
Cruzes na Praça da Sé chamaram atenção para os policiais mortos em confrontos no Estado de São Paulo.
Foto: Gladstone Barreto
O ato reuniu cerca de 600 pessoas entre parlamentares, policiais e ativistas de direitos humanos. A CUT São Paulo esteve presente, além dos sindicatos dos Guardas Civis Metropolitanos da Cidade de São Paulo (Sindguardas –SP) e dos Policiais Civis do Estado da Bahia (Sindpoc-BA), entre outros.
A data escolhida para a atividade fez memória ao conflito ocorrido há exatos quatro anos quando policiais civis, em greve há um mês por melhores condições de trabalho, foram violentamente reprimidos – a mando do então governador José Serra (PSDB) - pela Polícia Militar durante um protesto nas imediações do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, no bairro Morumbi, zona oeste da capital.
Cerceamento de direitos
No confronto, em 16 de outubro de 2008, cerca de 2.000 policiais civis participavam dos protestos, segundo informações dos participantes do ato, e ao menos 30 pessoas ficaram feridas. Entre as exigências dos trabalhadores estava a reposição salarial, a incorporação de gratificações e a reestruturação de carreiras. O tucano José Serra chegou a afirmar nos meios televisivos que o protesto era ilegal e feito tão somente por uma minoria.
As limitações e falta de respeito do governo de São Paulo quanto ao direito de greve dos trabalhadores da segurança pública seguem atuais, segundo o diretor de Relações Institucionais do Sindguardas – SP, Oldimar Sérgio Alves dos Santos. “Os policiais sofrem com a falta de tratamento digno da gestão tucana porque além de trabalharem em condições precárias, os salários seguem muito ruins”, afirmou o dirigente.
Para a secretária estadual de Comunicação da CUT/SP, Adriana Magalhães, as reivindicações da categoria são mais do que justas. “As reclamações atuais são legítimas, como também foi a greve ocorrida há quatro anos. Os servidores públicos como os policiais civis, os militares e a Guarda Civil Metropolitana devem ter os seus direitos preservados, como a livre organização por meio de sindicatos e a possibilidade de negociação”, disse.
Ana Paula Mendrone atua há 5 anos como GCM de São Paulo
Foto: Gladstone Barreto
De acordo com a diretora de Divulgação, Comunicação e Imprensa do Sindguardas -SP, Ana Paula Mendrone, a situação atual é lamentável. “Precisamos nos manifestar enquanto trabalhadores e dizer que estamos insatisfeitos com a política atual, assim como não enxergamos nenhuma perspectiva de mudança seja no governo tucano de Geraldo Alckmin (PSDB), como na prefeitura de Gilberto Kassab (PSD)”, ressaltou.
Insegurança pública
Para Bernadino Gayoso, secretário geral do Sindpoc-BA, que esteve em São Paulo para participar do ato, a falta de atenção do governo gera uma situação de instabilidade e insegurança para toda a população. “Temos percebido desde nosso estado, uma insensibilidade do governo do PSBD, não só em São Paulo como em outras localidades. Ele tem virado as costas para a questão da segurança pública”.
Durante a atividade, outro problema apresentado foi sobre a falta de segurança em bairros como o da zona leste da cidade de São Paulo. Os moradores do Jardim Elba e do Jardim Sapopemba, por exemplo, já fizeram inúmeras reclamações para que fossem instaladas bases comunitárias da Polícia Militar na região. Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública, até agosto último, 1420 roubos foram registrados no Departamento de Polícia local.
O policial civil Bernadino Gayoso viajou da Bahia em solidariedade ao ato ecumênico de São Paulo
Foto: Gladstone Barreto
“Precisamos ter uma segurança pública em que o cidadão não fique com medo de circular no seu bairro depois da meia noite, porque tem toque de recolher no Estado de São Paulo. Nesse período, temos que continuar alertando que a segurança pública não é só uma política estratégica de enfrentamento e de combate da criminalidade, mas também e, acima de tudo, de defesa dos cidadãos”, concluiu Adriana.
Para Bernadino, é preciso que haja uma política de Estado e não de governo. “A situação é caótica porque os policiais que estão para defender estão intimidados e a população está refém da criminalidade que avança e do modelo de gestão governamental que criminaliza principalmente os mais pobres. Não podemos mais tolerar isso”, concluiu o secretário.
*Com supervisão de Flaviana Serafim - MTb.32827
Nenhum comentário:
Postar um comentário